Genéve - uma segunda chance para a Suiça

Um dia, na escola, um grupo de brasileiros nos diz: vamos pra Genebra no fim de semana? É o dia de genebra, vai ser uma festa grande, vamos, vamos? Só 5o euros de passagem! Opa! Faça as contas, amigo brasileiro, e diga-me se você não iria para a Suiça por 120 reais. É claro que você iria! E eu fui. De novo. De novo, Nina? É. Antes de mais nada... recapitulando:


Esta é Zurich, capital suiça do cantão alemão. Estive lá no ano passado, em setembro, já nos últimos dias antes de voltar pro Brasil. Gostei? Não. Não, não mesmo. Zurich é pequena, limpa, organizada, não tem nada fora do lugar. Não tem nada fora dos padrões. É tudo perfeito. Nenhum trem atrasa, ninguém te enrola, nada disso. Todo mundo tem dinheiro, todas as marcas de luxo estão lá. Por isso ela tem a rua de lojas mais cara do mundo. Você achou que era a Champs Elysées, né? Passou longe. Eu, na Champs Elysées, jantei sem ter que pagar a conta com meus rins. Coube no meu budget de bolsista, sabia? É claro que tem a loja da Luis Vitton e da Chanel, mas tem C&A também.

Em Zurich (e em Genebra também) não é assim. Tudo é luxo, tudo é marca de luxo. Do lado do prédio da Mont Blanc está o da Rolex, que é vizinho da TISSOT, que é vizinho do uns 10 bancos. Tudo na Suiça é banco. Como não seria? Exatamente por ser o templo do luxo e do perfeccionismo, a Suiça é toda muito sem graça. Pronto, falei. É um povo sem expressão artística. É claro! Onde já se viu surgir alguma fagulha de descontentamento? Alguma contestação? Algum prostesto? A Suiça está morta e não sabe. Exagero meu? Siga lendo...


Pois chegamos a Genéve, capital do cantão francês. Pausa.
- Por que você foi pra Suiça de novo, se você não gostou de Zurich?
- Porque eu sabia que Zurich era alemã. E eu quis dar mais uma chance. Afinal, a França não é assim... e se Genéve (que é metade na França, por sinal) fosse uma capital bacana? Pois bem, fiz minha mochila e fui.

Na chegada, a surpresa: como assim, metade da cidade está na Suiça e outra na França? Pode isso? Pode. E alguém pode dormir em um hotel que fica em cima da fronteira? Pode. Eu! Acho que dormi com a cabeça na França e os pés na Suiça. Quando acordamos... vamos para Genebra? Vamos! A cidade estava em festa? Estava! Era um festival! Que coisa boa... o que tinha no festival? Comida. E bebida. Do mundo todo, por todos os lados, pra todos os gostos. Ah! Mas não para todos os bolsos. Experimente pagar 8 euros (24 reais...) em um salsichão e sorria! Você está na Suiça!


A foto não me deixa mentir: o ponto alto da festa era a barraca brasileira. A barraca? Não, no plural! Eram várias. Tem muito brasileiro fazendo fortuna vendendo capirinha e guaraná antártica, viu? Ah, se tem... 12 euros uma capirinha! Bom apetite!

Mas nem só de capirinha vive o Brasil, não é? Pois vejam aí o sucesso da academia de capoeira e lutas brasileiras. Encontramos o dono (um carica todo enfaixado) que nos disse que os suiços são encantados com tudo que vem do Brasil. Claro...


Mas voltando a Genéve... sim, teve a queima de fogos! Sim, foi linda! Teve música, foi incrível e tal. Aí acabou. E então nós ficamos na rua, umas 10 da noite, sem ter o que fazer. Porque tudo já estava fechado. E aí? Hotel, né...

No dia seguinte, domingão, pensamos: o festival vai continuar, então o comércio vai abrir. Vamos ver as lojas, comprar uns souvenirs... beleza! As meninas pensando nos chocolates suiços, os rapazes pensando nos canivetes e eu pensando "domingo? os suiços vão estar dormindo". Quem estava certo? É chato ser pessimista às vezes... principalmente quando você acerta!


Pois o comércio fechou no domingo todo. Mal conseguimos almoçar. Todos os turistas na rua, agoniados, e as lojas fechadas. TODAS! Sabe o que é você sair da Suiça sem um chocolate? Sabe o que é não ter nem um supermercado aberto? Não, você é brasileiro, você não sabe... mas se você fosse suiço, você saberia e ficaria na maior calma. Quando perguntávamos nas Tabacs* onde poderíamos encontrar um mercado aberto, eles calmamente diziam "só amanhã. Suiços não trabalham aos domingos". E, nessa, ficamos todos sem cartões telefônicos, todos ilhados na Suiça. Era dia dos pais e os brasileiros ficaram muito chateados por não conseguir falar com a família...

Sei que, no final do dia, ficamos felicíssimos em sair da Suiça e volta para a França. Fomos para Aneccy (próximo post!) e foi um alívio pisar de novo na nossa segunda casa... por isso, leitor, se um dia você pensar em fazer turismo na Suiça, corte os domingos do seu passeio. E, se quiser um conselho (de quem se fez de besta e foi duas vezes pra lá), fique só um dia. Pronto!

* Tabacs são as lojas de esquina que vendem cigarro, bebidas e balinhas. Como uma lojinha de conveniência dos postos de gasolina no Brasil. São 24 horas e estão em toda a europa. Mas não se engane! Nunca são de europeus. Trabalho pesado de madrugada é coisa para estrangeiro por aqui... em Londres, os indianos e paquistaneses dominam as Tabacs. Na França, são os Marroquinos. E na Suiça, vimos muitos africanos, mas árabes também. Aqui na França, inclusive, há uma expressão bem pejorativa para essas lojinhas. Quando os franceses se referem a elas dizem que você pode comprar qualquer besteira no "arab du quoin" (o árabe da esquina). Torcem o nariz, mas quando precisam de alguma coisa na madrugada, lembram do árabe da esquina, né?

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