Aix-en-Provence!


Muito bem! Após duas semanas sem postar, em processo de mudança e instalação, cheguei a Aix-en-Provance, cidade onde farei o doutorado. Estamos no sul da França, pertinho de Marseille (30 km). Não tem praia, mas estamos bem perto dela. É uma cidade de 140 mil habitantes, embora grande parte deles não more aqui no centro, mas nos arredores da Provence. Estamos na região Provence-Alpes-Côte-d'Azur, o que nos indica que os Alpes começam aqui! Sim, os Alpes nascem na Provence...

A organização frances não considera estados, mas regiões e, depois, departamentos (são 83 na França). O nosso departamento aqui é Bouches-du-Rhône ou, em tradução livre, Bocas do Rhône, que é o rio que corta nossa região. Os habitantes de Aix (os Aixoises) são pessoas acostumadas a viver entre turistas, porque estamos em um dos pontos mais procurados da França. Por que? Bem, vamos lá:

1) Primeiro de tudo, porque é a Provence. Simples assim. É a região costeira, mediterrânea, próxima do mar. A Côte-d'Azur começa aqui. Os campos de lavanda que povoam os imaginários dos turistas, aqui, são nativos. Precisa dizer mais?

























2) A provence é linda, ponto. Mas ela é a região externa... e a cidade? Bem, a cidade não se parece com nada no resto da França. De verdade! Paris não é assim, o centro não é assim, só o sul tem o aspecto que Aix tem. A cidade, que foi um valioso ponto para o império romano, guarda a arquitetura romana, junto com a italiana (estamos quase na fronteira) e a francesa. Mas não esqueçamos das influências espanholas e marroquinas. É a mistura mediterrânea que colore as paredes de amarelo e faz com que qualquer rua mereça uma foto e transforma qualquer canto de calçada em banco para apreciar a paisagem. Sabem o mais curioso? É que, de longe, tudo é lindo. As ruas são perfeitas. Quando olhamos de perto, todos os prédios são descascados, todos os fios passam pelo lado de fora, tudo é velho (claro! meu prédio tem 300 anos!). Mas acho que este é mesmo o charme das ruas aixoises...




3) Eu sempre acreditei que a visão de um artista é capaz de mudar o mundo. E Aix é a prova viva: imortalizada nas telas de Cézanne, seu filho mais celebre, a cidade hoje guarda com carinho todo o acervo do pintor, que foi doado à prefeitura depois de sua morte. Os principais trabalhos não estão aqui (lembram do Louvre? tudo está no Louvre...). Mas aqui está o atelier de Cezanne, algumas telas de Cezanne e, principalmente... a motivação de Cezanne.

4) A arquitetura de Aix é única. Os monumentos, o conjunto, a movimentação, a vida... a cada dia há pelo menos uma feira em dos pontos da cidade (normalmente, aqui na frente de casa. Foi mal, pessoal...). Há o dia da feira de flores, o dia da feira de produtos da Provence, o dia da feira de produtos árabes, a feira de produtos da fazenda... e por aí vai! E a minha preferida: a feira de pulgas! As famílias francesas juntam tudo o que não tem mais serventia em casa, colocam dentro de um lençol e estendem na rua. Procurando um liquidificador velho? Uma boneca meio caolha? Um sapato com o salto meio comido? Faça sua oferta...




5) Para nós, brasileiros, pensar no valor de um dia de sol chega a ser engraçado. Para nós, o exótico é um dia de neve, não é? Pois na Europa a idéia é invertida: a maior parte dos países pega, no inverno, temperaturas na casa dos -15º. No norte da França, todos os anos registramos pontos abaixo dos -20º. Na Provence também faz frio: -5º foi a menor temperatura já registrada. Um vez na vida! No auge do inverno, quando está muito frio mesmo, chegamos ao 0º. E só dura um dia! De resto, temos sol quase o ano inteiro. Um paraíso francês!

Por essas e por outras, a Provence é que é. Seja bem-vindo!

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